Atualidades da Florida – Agosto de 2013 |
04/09/2013
Publicado em 29/08/2013,br. Atualidades da Florida – Agosto de 2013 Em recente viagem à Florida, o consultor Gilberto Tozatti relata os avanços tecnológicos e atualidades da citricultura nos aspectos técnico e econômico. A citricultura da Florida chegou a produzir em 2004 mais de 240 milhões de caixas, em decorrência da recuperação de seus pomares antes afetados pelas geadas da década de 80, utilizando-se de tecnologia, tais como; irrigação localizada, adensamento de plantas, porta-enxertos mais adaptados, agricultura de precisão, entre outras. Mas, devido uma sequencia histórica de destrutivos furacões e a consequente disseminação do cancro cítrico e na tentativa de erradicação da doença, o estado da Florida perdeu um terço de sua área produtiva de citros, colocando em risco sua sustentabilidade. Não bastasse a ocorrência destes eventos em 2005 surgiu o HLB ou Greening; doença devastadora que tomou praticamente todo o estado sem dar condições de uma rápida reação por parte do setor produtivo em combate-la de forma eficiente. De lá para cá, devido a experiência amarga da erradicação de plantas por Cancro Citrico, os produtores não estavam motivados a erradicar as plantas sintomáticas de HLB, embora não tenham deixado de controlar de forma cada vez mais agressiva o psilidio – vetor da doença. Da mesma forma que ocorre no Brasil, o numero de pulverizações vem aumentando a cada ano; na ânsia de conter o nível de infecção da doença e seu avanço. O uso de inseticida sistêmico é cada vez mais intenso, porem respeitando-se os limites impostos pela legislação local. E o resultado desta técnica tem sido animador, principalmente quando utilizado em replantas. O sistema de replantas por sua vez, que consiste em substituir as plantas sintomáticas e conduzi-las com manejo nutricional e controle do vetor, tem dado excelentes resultados em sua condução. Na maior parte das situações parece valer a pena o replantio, desde que as replantas sejam muito bem conduzidas. Uma das coisas que mais chama a atenção dos brasileiros que visitam a Florida é a capacidade de adaptação e atitude que o povo americano demonstra diante dos desafios que surgem na citricultura. Um dos aspectos técnicos que devíamos aplicar no Brasil é o controle regional do vetor. Cada dia que passa mais produtores adota este sistema de controle do psilidio, e menor é a incidência regional da praga que no passado encontrava-se em alta população na Florida. Mesmo os produtores com atitude de liderança chegam a conduzir seu próprio controle regional motivando seus vizinhos através de comunicação simples por email e envio de mapas do Google, sem custos, e com resultados animadores. O sistema radicular da planta é o grande tema do momento. Preserva-lo a todo custo é fundamental para o convívio com o HLB. Mas, se houver algum outro fator associado à doença, que afete o sistema radicular, como por exemplo, Phytophtora (Gomose), Nematoide, ou Besouros de Raiz, a planta sintomática de HLB apresenta declínio rápido e certo, mesmo com o uso de aportes nutricionais. O uso de nutrientes como o Fósforo, Cálcio, e Boro visando o sistema radicular têm sido fundamental nos tratamentos nutricionais, principalmente via solo. E o uso de matéria orgânica passou a ser um item importantíssimo na preservação do sistema radicular; seja com o uso de fertilizantes orgânicos ou organominerais, bem como os condicionares de solo. Trabalhos científicos já comprovam esta técnica. Um tema apresentado na Citrus Expo 2013 que chamou a atenção é o uso da termoterapia como ferramenta para eliminar ou reduzir a titulação da bactéria do HLB dentro da planta. Com o uso de uma câmara de plástico para promover o aquecimento da planta sintomática, durante um período de no mínimo 48 horas a uma temperatura máxima de 40-42 graus Celcius, é possível manter a planta sem a bactéria por dois anos, monitoradas por análises de PCR. Isto abre uma nova perspectiva para manter as plantas sem o efeito da doença por mais tempo, nas condições da Florida, e pode explicar porque em regiões mais quentes a doença é mais lenta, ou até mesmo porque as plantas se mostram mais saudáveis no período do verão quando as temperaturas são mais altas. Numa situação de possível convívio com a doença esta técnica, a ser melhorada, poderá fazer parte do ferramental que hoje os americanos desenvolveram para o convívio com a doença até o surgimento da nova geração de plantas – as transgênicas. Por sua vez a transgenia, ou plantas geneticamente modificadas (OGM), ainda tem um longo percurso a percorrer segundo os pesquisadores americanos. Embora já existam plantas no campo sendo testadas e com bons resultados, levará muito tempo para que isto se torne uma realidade prática. Quanto à produção do estado da Florida fica evidente o declinio da mesma para os próximos anos. Embora os produtores estejam adotando em sua maioria técnicas para o convívio com a doença, o seu avanço é implacável. Na ultima safra houve uma redução de 9%, devido a queda acentuada de frutas, sem precedentes na historia da citricultura da Florida. A estimativa da USDA anunciava no inicio da safra passada 154 milhões de caixas, e ao final da mesma a produção encerrou com apenas 138 milhões de caixas. Este ano a produção deverá ser 6% menor em relação à passada, ou seja, próxima de 130 milhões de caixas. A primeira vegetação pós-florada não foi muito boa e os frutos estavam pequenos e atrasados (visita pessoal em maio de 2013). No entanto, a segunda vegetação de verão foi mais intensa e vigorosa devido a abindancia de chuvas, mas não o suficiente para recuperar o prejuízo. Ainda, se considerarmos a possível queda futura de frutos devido ao HLB, como aconteceu na safra passada, e de floradas múltiplas presente, podemos prever uma produção em torno de 120 milhões de caixas, simplesmente metade da safra de 2004. Toda esta situação pode ser uma oportunidade comercial para o Brasil no curto prazo, pois força os EUA a importar mais suco para atender a sua demanda interna, em que pese o consumo americano esteja ainda caindo devido às inúmeras bebidas concorrentes no mercado. A economia americana vem aquecendo é verdade, mas não será suficiente para aumentar o consumo de suco de laranjas. Isto nos remete à necessidade estratégica de maiores investimentos em nosso mercado interno para o consumo de suco de laranja, pois o crescimento do consumo só é potencial nos países emergentes, como o Brasil. Mas, se por um lado em termos comerciais o declínio da citricultura possa ser uma oportunidade para o Brasil no curto prazo, por outro lado, o decréscimo da produção americana influenciará negativamente no montante de recursos financeiros destinados à pesquisa do HLB e no marketing do suco de laranja, prejudicando de uma forma indireta o nosso país. Para o enfrentamento destes desafios o esforço deve ser conjunto; internamente ou mesmo externamente com os outros países produtores. Nossos concorrentes não então dentro do agronegócio citrícola e sim fora dele. O Consultor Gilberto Tozatti – GCONCI, organizou a 23ª Missão Técnica à Florida e viajou sob os auspícios da Biofosfatos do Brasil, SaniCitrus – Mudas Cítricas e All Plant. |
Espaço destinado aos assuntos relacionados com o agronegócio fruticultura Gestor: Luiz Martelleto
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
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